@MASTERSTHESIS{ 2009:154992486, title = {Das sangrias à penicilina: o saber médico e o tratamento da sífilis}, year = {2009}, url = "http://bdtd.famerp.br/handle/tede/72", abstract = "atual conhecimento técnico sobre etiologia, formas de contágio, quadro clínico e tratamento da sífilis levou mais de quatro séculos para ser construído. O objetivo desta dissertação é identificar e discutir as mudanças ocorridas no saber médico sobre a doença ao longo desse tempo, particularmente com relação ao tratamento. Material e Métodos: Foi realizada pesquisa bibliográfica de natureza histórica, tendo como fontes principais os periódicos médicos das épocas estudadas. A pesquisa foi complementada com indicações bibliográficas encontradas nos artigos dessas revistas, artigos históricos e livros-textos de dermato-sifilografia. Resultados: A sífilis surgiu na Europa no final do século XV, na forma de uma grave epidemia. As primeiras explicações para o seu aparecimento foram místicas e astrológicas. Os médicos tentavam tratar os doentes com base nas teorias hipocrático-galênicas do equilíbrio dos humores. O tratamento com mercúrio começou a ser empregado já no século XVI e visava à eliminação de humores nocivos. Na mesma época surgiu a percepção conceitual de um grande mal venéreo, todas as doenças de transmissão sexual seriam uma única doença e teriam a mesma causa. No século XVIII apareceram as primeiras vozes discordantes, estabelecendo-se rumorosa polêmica entre os que defendiam a unicidade das doenças venéreas e os que acreditavam serem elas enfermidades distintas. As duas correntes basearam-se em experimentos com inoculações para provar suas posições. A polêmica só foi desfeita no segundo quartil do século XIX graças aos trabalhos de Ricord na França, cujos experimentos também se basearam em inoculações. No alvorecer do século XX, foram descobertos o agente da sífilis e o teste diagnóstico de Wassermann que abriram o campo de pesquisas. Até essa época o único tratamento específico era o mercúrio. A primeira grande revolução terapêutica ocorreu em 1910 quando Paul Ehrlich, baseado em então avançados conceitos imunológicos, apresentou o Salvarsan, um arsenical, cuja descoberta foi fruto de um trabalho exaustivo, metódico e visionário. Ele imaginava conseguir a bala mágica , a droga capaz de eliminar a infecção sem lesar o organismo. Com esses avanços, o campo de pesquisas na terapêutica da sífilis foi largamente ampliado, surgindo novas técnicas e conceitos de tratamento. A penicilina, descoberta por Fleming em 1928 e viabilizada por Florey et al. no início da década de 1940, foi o marco de uma nova era na medicina ao proporcionar a cura de diversas doenças infecciosas. Foi introduzida no tratamento da sífilis em 1943 revelando-se capaz de suprimir a infecção treponêmica, praticamente sem efeitos adversos. Inicialmente usada em associação com outras drogas, tornou-se o tratamento de escolha na sífilis, com respaldo de numerosos ensaios terapêuticos. Conclusões: Desde os conceitos primitivos místicos e astrológicos, até o advento da teoria microbiana e da penicilina, o saber médico sobre a sífilis sofreu um processo de evolução gradativa, entremeado por rupturas com antigos saberes e frequentes disputas entre coletivos de pensamento conflitantes. A consolidação das mudanças no pensamento médico necessitou do respaldo experimental e do rompimento com paradigmas estabelecidos.", publisher = {Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde::123123::600}, note = {Medicina Interna; Medicina e Ciências Correlatas::123123::600} }